Estou vestida, apesar de me veres nua. Debaixo da minha pele, não sou o que vês, não sou o brilho que te ofusca, sou lágrimas que choro dentro, porque sou feita de dor e de solidão. Não sou a alegria que contagia, sou gritos e silêncios de dias tristes, em que nada quero e nada tenho. Não sou o sorriso, que encanta, sou um vazio tonto, sou uma força fraca que enfrenta a vida a todo o custo, e insiste em esquecer as desilusões, que a vida me oferece embrulhadas de cor, como prendas de Natal.
Não sou a voz esvoaçante que ouves, sou o eco de sofrimentos escondidos que deixo nas palavras que te dedico, disfarces que os meus dedos procuram cá fora, onde sei que tu me vês, e entre as quais, tento esconder a angustia que habita em mim.
O imponente Sol que insisto em ser, é afinal , a Lua Cheia, de brilho emprestado, a caminho de um ridículo baile de máscaras, onde as aparências iludem, e onde ninguém é o que mostra ser.