
Apagam-se as luzes, no silêncio premeditado, esvoaçam anónimas vibrações de aplausos inúteis e inglórios. Sobre mim, cai o pano da verdade, a alma fica a descoberto revelando a pura nudez da minha essência, lentamente as emoções e os sentimentos verdadeiros, são resgatados da mentira obscura.
Recolho-me no exíguo camarim do meu âmago, caracterizo-me de mim, revejo-me no espelho do tempo, e deixo de ser aquilo que quero ser, para ser o que sou.
Desenlaço das mãos, a inocência, que escondo, quando me defendo das falsas luzes da ribalta, acendo a ternura do meu olhar, e experimento a liberdade de rir, chorar e gritar sem guião.
Protegida, na cumplicidade da escuridão, solto o pesado ónus da minha existência, desato as amarras que me confinam os movimentos, inverto a história, e fujo da realidade artificial que me inventaram.
Descubro então, a espontaneidade do meu sorriso, quando saio airosamente pela porta principal dos meus sonhos e vou ao teu encontro...